Aos interessados aqui presentes...

Se você entrou no meu blog, mesmo que por acaso, não saia, entre e seja bem vindo! Leia nossas mensagens, comente, mande e-mails diretos... seja feliz!

domingo, 20 de agosto de 2023

Novelas infantis e seu peso moral

Hoje vou fazer uma crítica moral sobre as novelas infantis e sua deturpação do certo, moldando o pensamento e comportamento das crianças.

Eu gosto de novelas infantis e obviamente As aventuras de Poliana é uma das minhas  brasileiras favoritas dos últimos anos, mas o que eu não gosto nessas novelas é como os protagonistas sempre tem suas maldades justificadas e seu comportamento manipulado para ser visto com bons olhos.

Para exemplificar, quem viu essa novela sabe que no enredo há no núcleo adulto principal uma protagonista (Tia Luísa) e sua antagonista (Débora), vou começar falando delas.
Pois bem, logo nos primeiros capítulos, Débora mantém um relacionamento bom com seus colegas de trabalho, é uma professora dedicada e eficiente apesar de rígida e tem como par romântico o protagonista Marcelo (que ainda falarei sobre). Apesar de, na adolescência ter tido inveja de Luísa e inventado algumas mentiras para ficar com Marcelo (que acreditou sem questionar), ela mantém um relacionamento de uma década com o mesmo, aonde faz de tudo para agradá-lo, chegando a permitir ser mal tratada e humilhada pela sogra e mesmo assim continuar frequentando eventos de família.

Ela claramente possui uma dependência emocional de Marcelo, alimentada por ele todo o tempo e um temperamento muito parecido com o da protagonista Luísa, embora quando comparadas ela saia como maldosa em suas palavras ríspidas e a Luísa como coitadinha, que é muito passional mas tem boas intenções.

Conforme o público vai entendendo e se compadecendo por Débora, a personagem ganha um apelo desesperado para ser caracterizada como vilã, aonde se envolve com marginais e age fora da lei. Assim ela se torna descartada como parceira de Marcelo na visão do público e mesmo que no final entre em redenção, já não é mais vista como digna de ship.

Falando sobre a protagonista, ela é uma mulher egoísta, amargurada, com destempero emocional, ações passionais e de um narcisismo absurdo. Sempre destratando as pessoas no início da trama com a justificativa de ter uma história sofrida, ela passa a sorrir mais por conta de Poliana e socializar, mas não deixa de ser arrogante e desequilibrada.
Sem nenhum motivo racional ela inicialmente impede Poliana de se aproximar de Otto (que é colocado como o grande vilão da trama) e depois de saber que ele é o pai da menina passa a cometer crime de alienação parental, chegando a sequestrar a criança em duas ocasiões, esse comportamento é justificado na novela por uma desconfiança sem sentido dele ser um homem mal (apenas por ele ser solitário, reservado e amargurado, como ela também era, só que muito inteligente).

Tá certo que ele realmente age fria e calculadamente atingindo de forma maldosa a protagonista, mas ela não sabe de suas ações e não tem motivos pra desconfiar dele, então não justifica o tempo todo alienar a Poliana falando mal de seu pai, criando nela medo de se aproximar dele e tornando sua adaptação tão difícil emocionalmente ao invés de prestar apoio a menina e agir de forma madura,  apoiando sua nova realidade e auxiliando com o jogo do contente. 

Mas na novela fica claro que só a mocinha Luísa tem direito ao sofrimento, a dor e a agir descontroladamente por esse motivo, que tudo a ela se justifica, já que passou a amar a sobrinha e ser mais feliz com a presença da menina.
Luísa a meu ver é a vilã da vida de Poliana, como uma vampira lhe suga energia e não lhe quer bem, só lhe quer perto a ela. Age sempre com egoísmo e imaturidade até o fim da trama.

Agora vamos falar do protagonista e mocinho Marcelo, que é um homem agressivo, desconfiado, ciumento, sonso e reativo. Mas é justificado por seu senso de justiça e amor incondicional a Luísa.

Toda vez que ele dá a entender para outras mulheres que tem seu afeto, é puramente por inocência do mesmo em não ter olhos pra ninguém além de sua amada e não ter percebido que estava dando falsas esperanças pra alguém, apenas estava sendo muito legal e não consegue ser direto em dizer não, porque detesta magoar as mulheres.
Toda vez que ele é verbalmente agressivo e descontrolado, justificam ele por estar muito nervoso e lhe dão razão por agir em nome da verdade e do amor. 

Assim como a mocinha não sabe escutar ninguém e com sua arrogância sempre age sozinha e se faz de vítima, o mocinho não sabe falar sem gritar, agir racionalmente e nem amar sem possuir.

Mas o papel de errado na história fica pro Otto, que é vilanizado por não saber lidar com o luto pela filha Estela, preservar sua identidade por não querer se expor, cobrar uma dívida de muitos anos a uma família que o odeia sem razão e o trata mal, inventar máquinas incríveis para uso próprio (posteriormente para uso indevido) e escondê-las, pedir a guarda da filha e querer criá-la à sua maneira.
Ele é mais vilanizado por querer ser pai, do que o pai do João (protagonista infantil) que o agredia e não permitia que estudasse. Querer ser Pai da própria filha e ficar ao seu lado passa a ser uma crueldade para os telespectadores, afinal, ele não está deixando Luísa feliz.


Enfim, os valores estão tão distorcidos que a sociedade não percebe essas questões e aceitam a indução de torcer pelo bem dos protagonistas e justificar suas ações maldosas. As crianças já assistem a novela absorvendo a informação de que o comportamento não importa, o que vale são as intenções do coração. Então pode fazer como Davi (da Bíblia), errar sem medidas e depois pedir perdão quando for dormir, para acordar limpo todos os dias. 

Por Bianca Ramos

#asaventurasdepoliana

#aadp

Nenhum comentário:

Postar um comentário