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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Homeschooling na quarentena e seus desafios


   Homeschooling é um termo em inglês para estudo em casa, que geralmente consiste em ter um familiar ou tutor responsável pelo ensino didático da criança, mas não é exatamente o caso nesta pandemia. O que tem ocorrido nesse momento, que aborreceu e assustou os pais é o tão famoso EAD- Ensino a Distância, que conta com um professor formado explicando conteúdos e cobrando exercícios através de uma plataforma remota.
   Então, se os pais não estão com a obrigação de ensinar as crianças, por quê tem criado tantos aborrecimentos, ansiedade e desespero?
   Pois bem, no Brasil esse tipo de ensino era conhecido apenas, em sua maioria, para adultos e mesmo assim, há uma visão distorcida dele, onde por não haver tanta cobrança de um professor em relação as tarefas propostas, uma vez que ele não tem como saber se foi realizada ou não e precisa confiar na palavra do aluno ou na estrega do conteúdo dentro do prazo, é visto como bagunça ou apenas uma forma de obter diploma universitário com pouco esforço.
   Então, se os adultos encontram uma forma de "dar um jeitinho" e engambelar seus professores do EAD, se estes consideram que é um ensino defraldado e medíocre, como lidar com esse ensino para com seus filhos? Como cobrar que realizem uma tarefa não supervisionada e se responsabilizem pelo conhecimento obtido dela sem culpar a outros?
   O que mais tenho visto na relação entre pais e filhos é falta de autoridade dos pais e um posicionamento mais de coleguismo com seus filhos, o medo de não ser querido pelos pequeninos é estampado nas falas e atitudes dos responsáveis, sempre se esquivando de tomar decisões que os desagradem. Logo, estes pais também culpabilizam a escola por toda a formação acadêmica desta criança, se eximindo de qualquer responsabilidade e depositando na conta dos professores qualquer frustração por parte da criança, inclusive seu comportamento não colaborativo.
   Descrito esse cenário, fica fácil explorar a dificuldade dos pais em relação ao ensino a distância, que chegou abruptamente durante a pandemia. Não há mais a quem culpar além de si mesmo, não há subterfúgios na responsabilidade da formação desse sujeito e nem tem como terceirizar a educação. Pais que já não costumam lidar com seus filhos por longos períodos do dia, agora são obrigados a conviver com o pequeno tirano, criado por ele mesmo, 24 horas seguidas sem nenhuma interrupção, pais que estão acostumados a estar com a criança somente à noite já um pouco cansada, em finais de semana em passeios externos ou liberando-os nas áreas sociais da moradia ou para os eletrônicos, agora não tem para onde correr da presença do sujeito desenvolvido por ele.
   Além de toda essa problemática, agora tem algo que são obrigados a fazer, para não ficar mal diante da sociedade e mostrar aos outros pais que são capazes, em uma competição desenfreada pelo troféu de melhor filho, a necessidade de se exibir fala mais alto que a de se eximir, e eles tem que cobrar dessa criança em casa postura de aluno, que consiste em realizar as atividades propostas pelos professores dentro dos prazos solicitados, gerando muitas vezes um enorme caos, pois os pequeninos que antes não recebiam nenhuma ordem, agora são impostos a obedecer. De certo que alguns não conseguem fazer com que sua cria obedeça ou entenda a importância de estudar e para não demonstrar que seu rebento se rebelou, realizam as tarefas para as crianças e pensam que enganam os professores, apenas prejudicando ainda mais a formação desse ser humaninho em desenvolvimento, que acabou de perder mais uma lição de ética e moralidade.
   Pois bem, eu poderia ficar debatendo aqui por linhas e linhas a irresponsabilidade dos pais e sua negação na crianção de um cidadão de bem, mas vou apenas finalizar exaltando a importância da parceria família/escola e expondo a excessão de alguns responsáveis, pois há aqueles que estão comprometidos com a aprendizagem e não com a nota, que estão preocupados com a formação do sujeito em toda sua amplitude, que estão comprometidos com a formação de filhos melhores para o mundo e não apenas em cobrar um mundo melhor para seus filhos. Pais que não tem necessidade de se mostrarem cumpridores de seu dever para outros pais e sim de cumprir este dever.
   Quero terminar este texto esclarecendo que é nesse momento em que a união com a escola é fundamental,  lógico que a criança perde bastante na questão social no ensino à distância, mas é o que pode ser feito durante o isolamento, se os pais forem colaborativos com a educação, forçando-os a participar, mostrando as crianças as infinitas possibilidades que elas podem ter e ganhar neste período, se interessando e construindo com elas uma inteligência emocional que possibilite resiliência, saíremos mais fortes dessa crise e teremos sujeitos com um desenvolvimento e amadurecimento psicológico imenso que poderão contribuir para uma vida melhor.
   Deixo também um apelo: que possamos ser pais colaborativos, que reclamem daquilo que pode ser mudado, auxiliando na resolução de questões e não apenas desmerecendo o sistema de ensino criado as pressas em uma situação caótica. Que possamos ser pais capazes de construir com a escola e fortalecer o sistema educacional, exaltando o que tem de bom e apontando suas negativas de forma crítica e não destrutiva.

Por Bianca Ramos

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